segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sobe para 5 mil número de sírios refugiados na Turquia


Oriente Médio

Cerco a cidade no norte da Síria leva mais 400 pessoas a cruzar fronteira

Refugiados sírios caminham entre as tendas de refugiados da organização Crescente Vermelho, na Turquia
Refugiados sírios caminham entre as tendas de refugiados da organização Crescente Vermelho, na Turquia (AFP)
Cerca de 400 sírios cruzaram a fronteira turca na madrugada deste domingo. O número de refugiados provenientes da Síria que estão instalados em acampamentos no sul da Turquia chegou a 5.051, informou a agência de notícias Anatolia. A fuga em massa aumentou depois que o exército sírio entrou neste domingo na cidade de Jisr al Shughur, na província de Idleb, onde foram registrados violentos confrontos com grupos armados. O regime sírio foi acusado por Washington de provocar uma crise humanitária com sua violenta repressão.
Há atualmente três acampamentos instalados na localidade de Yayladagi, e a organização Crescente Vermelho já começou a montar outros dois em Altinozu e Boynuyogun, com capacidade para 4.000 e 5.000 pessoas, respectivamente. A maioria dos sírios fugiu da cidade de Jisr al Shughur, 40 quilômetros da fronteira turca, onde as forças de segurança sírias lançaram uma grande operação. Na véspera, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reiterou sua "profunda tristeza e preocupação" pela situação na Síria.
"Estou muito triste e muito preocupado com o que está ocorrendo na Síria. Fiz muitas declarações e falei com o presidente (Bashar al Assad) muitas vezes, pessoalmente, para dizer a ele que deve tomar ações imediatas e decisivas e escutar seu povo e atender suas necessidades", disse Ban. "Sinto-me muito triste pelo fato de tanta gente ter morrido", completou na coletiva de imprensa na qual estava acompanhado do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. Na última sexta-feira, o secretário-geral da ONU condenou o uso da força militar contra os manifestantes na Síria, que qualificou de "inaceitável", segundo seu porta-voz, Martin Nesirky, em Nova York.
Repressão popular - Apesar dos protestos e sanções internacionais, o regime do presidente Bashar Al Assad continua disposto a acabar de forma sangrenta com a revolta iniciada há três meses. A entrada do exército em Jisr al Shughur aconteceu depois que foram desativados os explosivos e as cargas de dinamite colocados pelos grupos armados nas pontes e ruas, segundo a TV estatal. "Dois homens armados morreram e um grande número de pessoas foi presa", afirmou a fonte. Um militante dos direitos humanos informou, por sua vez, que a cidade é palco de intensos bombardeios e que há, pelo menos, 200 tanques rodando pela cidade.
Nos últimos dias, a repressão tem sido particularmente violenta na província de Idleb, a 330 quilômetros de Damasco. A onda de violência assola a Síria três meses após o início da revolta popular contra o regime de Bashar Al Assad. Na última sexta-feira, numa violenta repressão em Maaret al Numan, nos arredores de Jisr al Shugur, os militares mataram cerca de dez civis ao disparar contra dezenas de milhares de manifestantes, de acordo com ativistas e testemunhas.
Enquanto os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU não chegam a um acordo sobre uma resolução que condene a repressão, os Estados Unidos exigiram que "cessem imediatamente a violência e brutalidade".
A TV estatal acusou "grupos terroristas armados" por um ataque ao quartel das forças de segurança de Maaret Al Numan e de ter ateado fogo a plantações ao redor de Jisr al Shugur. No entanto, testemunhas garantem que foram os soldados quem incendiaram os campos de trigo da região. Neste sábado, o exército sírio chegou à cidade de Jisr al Shugur, na província de Idleb. O regime havia anunciado na véspera uma operação militar "a pedido dos habitantes". Na cidade de cerca de 50.000 habitantes, "todo mundo foi embora, não restou nada", afirmou Abu Talal, um camponês de 45 anos que mora em uma deserta colina com sua família.
Apoio civil - Em apoio a Jisr Al Shugur, dezenas de milhares de pessoas protestaram na sexta-feira em todo o país, numa convocação dos militantes pró-democracia. De acordo com ativistas dos direitos humanos, vinte e cinco pessoas morreram pelos militares que repreendiam esses movimentos. Devido às restrições impostas pelo regime, os jornalistas não podem transitar livremente pelo país e as informações recebidas por fontes independentes nunca são confirmadas pelo governo.
Vários desertores do Exército, refugiados na fronteira turca, relataram a brutal repressão exercida por suas unidades contra os movimentos de protesto. Eles também falaram do medo de alguns soldados, ameaçados de morte caso deixem as Forças Armadas. Desde 15 de março, a repressão já deixou na Síria mais de 1.200 mortos, 10.000 presos e a fuga de outros milhares.

Postado Por Alair Alcântara

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