terça-feira, 17 de agosto de 2010

Mesquita em NY traz à tona o preconceito contra Islã


Construção perto de local de ataques do 11 de Setembro esquentou debate nos EUA

Paula Resende, do R7
Stan Honda/13.08.2010/AFPStan Honda/13.08.2010/AFP

Muçulmanos chegam ao Centro Cultural Islâmico de Nova York; oposição à construção de mesquita no Marco Zero divide opiniões de americanos


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Às vésperas do nono aniversário dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, o enfrentamento entre muçulmanos e grupos conservadores dos Estados Unidos fica mais evidente. Isto ocorre ainda em meio ao mês sagrado dos muçulmanos, o Ramadã, que não segue o nosso calendário e vai de aproximadamente 11 de agosto a 9 de setembro. No período, marcado por diversas celebrações, uma das atividades mais respeitadas é o jejum.

A tensão entre os dois grupos nos EUA tem como um dos estopins a aprovação, no final de julho, do projeto de construção de um centro muçulmano próximo ao chamado Marco Zero, em Nova York. Lá ficavam as Torres Gêmeas, derrubadas no ataque da rede extremista islâmica Al Qaeda, em 2001.

De um lado, muçulmanos apontam para um crescimento extraordinário da rejeição ao Islã nos Estados Unidos, fenômeno chamado por entidades de “islamofobia” (aversão ao islamismo). De outro, a ala conservadora vê uma expansão incômoda do islamismo na América do Norte, associada por eles à opressão e ao terrorismo.

Enquanto uns enxergam na iniciativa a oportunidade de desfazer a má imagem dos muçulmanos, protestos se espalham pelos EUA, alegando que a construção é um insulto aos que morreram no ataque. Uma dessas vozes vem do líder democrata no senado, Harry Reid, que afirmou nesta segunda-feira (16) ser desaforável à construção, contrariando o próprio presidente Barack Obama, do mesmo partido e favorável ao centro.

O retrato da divisão de opiniões está no resultado da pesquisa lançada mês passado pelo Instituto de Pesquisas da Quinnipiac University, apontando que 52 % dos novaiorquinos são contra o projeto, 31% se mostram a favor e 17% estão indecisos.

Questionado pelo R7 sobre as manifestações contra o Islã, o diretor de comunicação do Conselho de Relações Islâmicas Americanas (CAIR), Ibrahim Hooper, afirmou que o fortalecimento a partir de 2009 dos grupos políticos de extrema-direita, cujo maior expoente é o movimento Tea Party, explica o aumento da islamofobia nos EUA.

- Até mesmo depois do 11 de Setembro a gente não via um nível de rejeição tão alto.

O diretor de pesquisas da Quinnipiac University, Maurice Carroll, aposta na tese de que a presença dos terroristas na mídia, supostos seguidores dos preceitos islâmicos, conseguiu “envenenar” a opinião pública contra a religião que mais cresce no mundo hoje, com aproximadamente 1,57 bilhão de fiéis.

- Se 20 anos atrás alguém perguntasse se poderia construir uma mesquita, todos responderiam: 'Claro, vá em frente'. Mas os terroristas conseguiram fazer muitos acreditar que eles representam o Islã.

Pastor convoca centenas a queimar Alcorão

Há quem simplesmente ache que o islamismo é, em sua natureza, uma religião que incentiva a violência e a intolerância. Na representação mais radical do grupo, o pastor Terry Jones da igreja Dove World Outreach Center, na Flórida, promove no próximo 11 de setembro - aniversário dos ataques de 2001 - o Dia Internacional da Queima do Alcorão.

São esperadas centenas de pessoas para colocar fogo no livro sagrado dos muçulmanos. O evento, segundo Jones ao R7, vai lembrar as vítimas do ataque terrorista e mostrar que o Islã e seu conjunto de leis sagradas, a sharia, não são “bem vindos” nos EUA.

- O Alcorão tem vários trechos violentos e não merece nosso respeito. Queremos dizer aos muçulmanos de paz que eles são bem-vindos aqui, desde que se mantenham pacíficos.

Até a segunda semana de agosto, o evento no site de relacionamentos do Facebook tinha cerca de 4.500 apoiadores. O conteúdo das mensagens postadas por internautas vão de pregações de cunho religioso, convites para outros eventos e até mesmo palavras ofensivas contra o povo muçulmano.



Postado Por Alair Alcântara


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