quinta-feira, 12 de maio de 2011

Perícia reconstitui morte de motoqueiro




Após mais de um mês de intensa mobilização para monitorar o andamento do processo, além de manter testemunhas informadas sobre datas e horários, Carla Fonseca, de 41 anos, enfrentou, na madrugada de ontem, mais uma etapa na luta na qual pretende provar à Justiça que seu único filho, Kleber Cley Pinto Marques Fonseca Filho (18), teria sido vítima de uma ação intencional de agentes de trânsito do Detran, num episódio ocorrido no dia 05 de fevereiro de 2010.

Dessa vez, Carla e seus familiares acompanharam a reprodução simulada do acidente que resultou na morte de Kleber. O procedimento foi realizado por peritos do Centro de Perícias Renato Chaves e observado pelo promotor de Justiça Manoel Murrieta, o delegado que apurou o caso, Evando Martins, um corregedor do Detran e os advogados de defesa dos acusados.

Seis testemunhas oculares contribuíram na reprodução e apenas dois cidadãos indiciados no inquérito policial estiveram presentes.

Thiago Roberto dos Santos Jacó e Melkzedeque de Andrade, que foram indiciados por omissão de socorro e concurso de pessoas, refizeram o trajeto que utilizaram no dia do acidente, conforme os relatos das testemunhas.

Eles ocupavam a viatura 043, um veículo Logan cinza. Marcus Cezar e Robert de Oliveira, que também foram indiciados pelo mesmo motivo, estavam na viatura 040 (um veículo Fiesta branco) e só compareceram na primeira reprodução simulada, que acabou sendo adiada.

Os acusados que não estiveram em nenhum dos procedimentos foram Miguel Silva de Sousa e Danilo Augusto da Silva, que ocupavam a viatura 078, um veículo Fiesta branco.

VIATURA

Essa viatura, inclusive, é apontada nas investigações como o veículo causador da queda de Kleber Filho (que conduzia uma motocicleta amarela), em função de um toque. Por conta disso, os dois agentes foram indiciados no inquérito por homicídio doloso, concurso contra pessoas e omissão de socorro.

Juíza entendeu caso como homicídio doloso

No total, pelos menos dois trajetos foram reproduzidos além do adotado por Kleber Filho no controle da motocicleta. Um foi o do veículo Logan e o outro do veículo Fiesta branco. Uma das testemunhas relatou aos peritos como avistou o corpo do motociclista ferido, numa calçada localizada próximo a um posto de combustível, na travessa 9 de Janeiro com a rua Domingos Marreiros. Outra testemunha indicou a suposta trajetória de fuga utilizada pela viatura 078, que teria ingressado na contramão da rua Domingos Marreiros.

O CASO

A motocicleta conduzida por Kleber Marques Fonseca Filho teria sido tocada pela viatura 078 na travessa 9 de Janeiro. Com o toque, a motocicleta acabou sendo projetada sobre a calçada, causando a violenta queda do condutor.

Por consequência, ele sofreu traumatismo craniano e hemorragia interna. Populares que se encontravam no posto de combustível no momento do acidente acionaram uma unidade do Samu, que prestou os primeiros socorros.

Kleber ficou internado por 15 dias em um hospital particular, mas morreu após uma parada cardiorrespiratória, no dia 19 de fevereiro. Um inquérito policial foi instaurado na Seccional de São Brás e conduzido pelo delegado Evando Martins. As apurações se estenderam por 60 dias e, em seguida, encaminhadas à Justiça.

Contudo, a juíza Lúcia Bueno, da 1ª Vara Criminal, entendeu que o caso se configuraria como homicídio doloso (quando há intenção de matar).

Sendo assim, o inquérito foi repassado aos promotores do Júri, que, por sua vez, solicitaram à Polícia Civil e ao Centro de Perícias “Renato Chaves” uma reprodução simulada dos fatos. De acordo com o promotor Manoel Murrieta, o procedimento irá fundamentar tecnicamente a decisão da promotoria de oferecer ou não a denúncia contra os seis agentes de trânsito.

“Com base no que as testemunhas oculares presenciaram, poderemos avaliar se cabe a denúncia junto ao Ministério Público”, explicou o promotor. Enquanto isso, familiares de Kleber Marques Fonseca Filho, especialmente a mãe dele, aguardam ansiosamente pelo desfecho desse longo processo. (Diário do Pará)


Postado Por Alair Alcântara


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